O uso de tecnologias de informação e comunicação é uma realidade cada vez mais presente na Educação Médica. A tecnologia permite criar experiências virtuais para aprendizagem de doenças ou condições com as quais nem sempre os estudantes de Medicina conseguem ter contato suficiente durante a sua formação.

Um exemplo é o tratamento do diabetes com insulina, um assunto frequentemente considerado difícil e complicado por médicos que não são especialistas em Endocrinologia. Para aprender a prescrever insulina, idealmente o médico deveria praticar bastante, experimentando com tipos de insulina, doses e horários diferentes, até identificar que esquema funciona melhor em que situação. No entanto, nem sempre o estudante consegue ter experiência suficiente durante a graduação, e frequentemente sai da escola ainda com muitas dúvidas e inseguranças sobre como iniciar ou ajustar insulina nos pacientes com diabetes, uma doença que atinge 13 milhões de brasileiros.

A boa notícia é que agora é possível aprender a prescrever insulina com um jogo de computador. O game InsuOnLine foi desenvolvido por uma equipe liderada pelo Dr. Leandro Diehl, médico endocrinologista, docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e professor de Endocrinologia. No game, o jogador assume o papel de um médico de uma Unidade Básica de Saúde que tem a missão de iniciar ou ajustar insulina para melhorar o controle de uma série de pacientes com diabetes. O desenho do jogo faz com que o jogador obrigatoriamente tenha que aprender qual é a melhor conduta para cada situação apresentada, para que ele consiga passar de nível e chegar ao final do jogo.

Porcentagem de acertos no questionário de conhecimentos sobre insulina, antes e após o uso do game ou o treinamento tradicional (controle)

Para determinar se o InsuOnLine realmente funciona como ferramenta de educação, foi conduzido um estudo, com 134 médicos das Unidades Básicas de Saúde do Paraná e Santa Catarina. Os médicos foram randomizados para jogar o game ou para participar de um treinamento tradicional, composto por aulas presenciais e discussões de casos. Nesse estudo, que acabou se tornando a tese de doutorado do Dr. Leandro, os médicos que jogaram o game aprenderam mais sobre insulina do que os seus colegas que fizeram o treinamento presencial. Os resultados foram apresentados no último congresso da American Diabetes Association, em Boston (Estados Unidos), em junho de 2015.

“Acreditamos que a metodologia ativa empregada pelo game, associada à motivação do jogador em tentar achar a resposta dos desafios no jogo, tenham sido as responsáveis pela maior efetividade educacional do game em comparação a um treinamento nos moldes tradicionais”, comentou o Dr. Leandro. “Outras vantagens do game em relação aos métodos habituais de educação médica continuada são a maior flexibilidade do uso, já que o game pode ser acessado no computador do usuário, no momento em que ele preferir jogar, e o grande impacto potencial dessa ferramenta, que pode ser disponibilizada na internet, como um recurso de Educação à Distância (EAD), e assim atingir dezenas de milhares de profissionais médicos em qualquer lugar do Brasil.”

O game InsuOnLine já dispõe de versões para computadores com sistemas Windows e MacOS, e em breve deve oferecer versões para dispositivos móveis. Além disso, o jogador que chegar ao final do game ganha um certificado de 8 horas de educação médica continuada, que dá direito a 4 pontos para atualização profissional junto ao CNA, em várias especialidades. Para baixar e experimentar o game, basta acessar o site: www.insuonline.com.br e fazer o download do instalador.